28 de fev. de 2014

Como gerenciar a carreira em um mundo cada vez mais digital?

Programar ou ser programado? Em um mundo onde a lógica digital impera cada vez mais no mercado, quem detém o poder é quem programa, “ou você será programado”, comenta Martha Gabriel, especialista em marketing digital, em um bate-papo sobre como gerenciar sua carreira profissional na era digital.

Essa realidade não está restrita apenas ao mundo corporativo, destaca a especialista, que enfatiza como as pessoas, os relacionamentos e as casas estão hoje organizados segundo a tecnologia. “Nos relacionamentos há uma separação dos que estão e os que não estão no universo digital, é uma camada em paralelo. Hoje todo mundo precisa ser um pouco geek.”

Segundo Martha, quem vem das áreas de TI e de exatas, de uma forma geral, têm muitas características que dão enormes vantagens competitivas diante desse cenário. “É uma oportunidade gigantesca para o programador! A visão metodológica e a capacidade de resolver problemas são características indispensáveis para o mundo atual. No entanto, esses profissionais terão que desenvolver habilidades de comunicação, compreensão e relacionamento com as pessoas, que são características das profissões de humanas. Em contrapartida, essas últimas terão que se tornar também um pouco geeks.”

Nesse mundo multidisciplinar, a integração entre humanas e exatas será cada vez mais necessária, avalia a especialista, que mostra que em alguns setores isso já tem acontecido, como no marketing, com o uso cada vez maior de bases analíticas para planejamento estratégico das marcas, e no design, com as artes digitais e a computação gráfica. “Temos características nossas que nos levaram a escolher tal carreira, mas precisamos olhar para a necessidade de desenvolver certas habilidades e ampliar nossas capacidades para sermos um profissional com maior valor no mercado. No mundo de hoje não há barreiras e precisamos, sim, abraçar outras áreas. E é o que as empresas já estão fazendo, por exemplo, abraçando a TI. O CIO tem que trabalhar junto com o CMO, por exemplo. Hoje o CMO não consegue ser só o cara de mercado, ele tem que entender de tecnologia, de big data, de cloud. E o CIO não dá pra ser só o cara que entende de TI, ele precisa entender de mercado também.”

Martha afirma que as pessoas, hoje, já são educadas para atender a essas exigências. Mas os profissionais que se formaram anteriormente estão tendo que se adequar. “Muitos estão sentindo que o diploma não vale muita coisa, ele é o de menos. O que importa é como me capacito no curso que escolhi para saber resolver problemas do dia a dia, aprender a lidar com adversidades e, principalmente, para me relacionar com pessoas”, comenta.

Engenheira pela UNICAMP, pós-graduada em Marketing pela ESPM e Design pela Belas Artes de São Paulo, mestre e PhD em Artes pela USP, Martha pode falar do assunto com propriedade. “Uso todas minhas habilidades como engenheira e acrescentei outras do mundo de humanas – uma ajuda a outra no dia a dia. A dica que eu dou é que se você é de exatas, faça uma pós-graduação em humanas.  Você vai sofrer um pouco, mas isso irá te proporcionar uma visão do mundo completamente distinta. E se for de humanas, faça MBA em exatas, como por exemplo em gestão de projetos.”

On x Off: não se sabote - A velha discussão sobre a separação do mundo físico do online também esteve em pauta na conversa e, para Martha, isso não existe mais. “Meu perfil no Facebook é outra dimensão, outra parte do que eu sou. Hoje temos um híbrido entre o on e o off e o corpo possui várias extensões tecnológicas com essas plataformas digitais. Então, não misture o profissional com pessoal nas redes sociais. Não se sabote. 

A autora de diversos livros sobre tecnologia lembra que muitas pessoas se esquecem de que tudo que elas colocam na internet ajuda a construir uma imagem, seja qual for o conteúdo. “As pessoas esquecem, a internet não. Quem vai contratar um funcionário irá ver o LinkedIn, ou assistir a um vídeo dele no Facebook ou até encontrar brincadeiras  aparentemente inocentes como ‘não gosto de segunda-feira’”, diz.

Martha utiliza a metáfora de um aquário para evidenciar como a internet é transparente e relembra Sócrates, evidenciando a necessidade de se construir uma reputação que pela qual quer deseja ser visto no online.  “Quem está no mercado tem que saber que a internet está construindo esse dossiê sobre você. Temos todo um ecossistema na rede e as ferramentas de busca são muito poderosas. Então você precisa de uma estratégia de busca: tenha um plano de marketing pessoal – de forma você quer ser visto como profissional – e comece a produzir com calma e consistência o que você deseja que apareça em sua busca do Google”, aconselha.

Isso pode ser feito através da criação de conteúdos sobre assuntos que você conhece vão rechear a busca pelo seu nome – e isso pode ser feito com sites, blogs, posts no Twitter, vídeos no YouTube, apresentações de SlideShare, etc.  Como exemplo, ela cita que alguém que fez um curso de game pode montar um vídeo de “how to”  e colocar no YouTube e, dessa forma, virar uma referência para quem está procurando uma pessoa com esse perfil. “Você não controla o que as pessoas falam de você, só o que você mesmo fala de você! O que você não falaria em lugar público, não fale nas redes sociais, pois são lugares públicos”, conclui a autora.

Fonte: IT Web

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