18 de fev. de 2014

Estagiário, senta aqui, vamos conversar

É difícil entender a lógica de funcionamento do mercado de trabalho quando estamos no início de carreira. Nas relações sociais que se tornam mais complexas quando se existe uma estrutura hierárquica e um modelo de competição por trás, na incoerência do nosso papel como profissionais, que ora servimos pelos interesses do cliente, ora pelos interesses da empresa, e mais uma infinidade de informações intrínsecas em palavras e atitudes, que temos que captar e traduzir diariamente. 

São provas de fogo diárias e, por vezes, sentimos uma imensa sensação de revolta quando descobrimos que o aprendizado adquirido poderia, facilmente, ter sido absorvido em um simples bate-papo informal com alguém mais experiente.

- “Por que ninguém me disse isso antes?” – é aquela pergunta que não sai da cabeça. Isso provavelmente explica o sucesso que os programas de mentoring têm gerado entre os jovens.

Então, foi por isso tudo que, sensibilizada por alguns desabafos que andei escutando, reuni cinco conselhos importantes no estilo “papo reto”, e que no passado, poucos tiveram coragem de me dizer:

  1. Se você é novo na empresa, preocupe-se em saber “como a banda toca” antes de sair mostrando seu potencial. O fato de você ter vindo de uma faculdade de primeira linha, falar inglês fluente e ter sido voluntário na África não te dão tantos créditos como imagina, até que você comece a mostrar resultados concretos. O dia a dia corporativo funciona de um jeito bem menos curricular; mais baseado em relações ganha-ganha. Dica: Entenda como seu gestor trabalha e as características que ele valoriza em um profissional. Esqueça o resto pelos próximos seis meses.
  2. Não basta fazer um bom trabalho, as pessoas precisam saber disso. Uma vez escutei uma frase muito interessante a respeito: “Você se mantém no emprego pelos resultados, mas cresce pelos relacionamentos”. Essa é a grande sacada do marketing pessoal bem executado. Dica: Combine reuniões periódicas com seu chefe para alinhar o andamento de suas responsabilidades, e de quebra, aproveite a oportunidade para vender seu peixe; apresentar novas ideias, riscos, e por que não, dividir suas conquistas.
  3. Boa aparência importa sim! Não é beleza, é boa aparência. Facilita o estabelecimento da empatia no primeiro contato e ajuda a transmitir credibilidade. Profissionais competentes têm, por vezes, oportunidades de crescimento adiadas por não transmitirem uma imagem que esteja alinhada à organização ou ao cargo que representa. Dica: Adapte sua vestimenta, postura e vocabulário ao ambiente corporativo que você trabalha. Faça uma análise de como se comportam as pessoas que mais se destacam e absorva o que elas possuem de melhor.
  4. Escolha a batalha que você quer vencer. Sair levantando bandeiras o tempo todo em prol de uma verdade que você acredita faz mal à saúde. As coisas não vão sair sempre do jeito que queremos e, honestamente, pouquíssimos profissionais bem sucedidos tiveram uma carreira linear, mesmo com seus objetivos iniciais alcançados. Dica: Sempre que se ver diante de um conflito, independentemente do resultado, aprenda com ele. Resolver/intermediar conflitos é uma das habilidades que mais utilizará ao longo da carreira, principalmente quando estiver em cargos de gestão.
  5. Pare de reclamar ou caia fora. Uma vez escutei de uma amiga a seguinte situação: ela estava desmotivada no trabalho por causa de seu chefe e da demora para conseguir uma promoção. De fato tinha todos os motivos para justificar sua insatisfação, mas não fazia nada a respeito, só reclamava. Naturalmente seu desempenho começou a cair, cada vez mais, e mais, até o dia em que foi demitida e ainda teve que escutar do chefe que não entendia por que uma funcionária tão promissora tinha se deixado chegar a esse ponto. Dica: Mexa-se antes que o jogo vire contra você. Primeiro tente uma conversa com quem teve o desentendimento. Meça as palavras ao falar. Se não for possível por algum motivo ou não der certo, avalie a possibilidade de falar com um superior ou par dessa pessoa.

Vale lembrar que os conselhos acima são inteiramente baseados na opinião da autora, e lógico, se conselho fosse sempre bom, a gente vendia, não saia dando por ai. Então, o que aconselho antes de tudo isso é que você faça uma reflexão muito honesta e particular para saber onde deseja chegar profissionalmente e então descobrir se vale a pena seguir os padrões que seu universo corporativo lhe impõe.
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Texto de Beatriz Carvalho.

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