O mundo corporativo é marcado pela competitividade e por métodos de avaliação discutíveis, que mais fazem acentuar no indivíduo a angústia por seus pontos fracos evidenciados do que, de fato, estimular a superação dessas deficiências. Nesse universo cuja ordem é, de maneira geral, perseguir alto desempenho, mesmo o coaching, prática indicada para aflorar talentos e melhorar as interações, quando mal aplicado, pode resultar no reforço de um comportamento tido como negativo ou disfuncional. O resultado é a perda de produtividade da empresa e, no âmbito individual, episódios de estresse que são, hoje, direta ou indiretamente, um dos principais fatores de absenteísmo nas companhias.
O objetivo do coaching nas organizações, contudo, em um caráter mais amplo, é que ele seja responsável por humanizar a relação entre a companhia e seus colaboradores. E também contribuir para o melhor relacionamento entre funcionários dos mais diversos escalões, à medida que promove autoconhecimento, consciência de si e do próximo. Isto posto, o caminho está aberto ao desenvolvimento da liderança dos executivos, da excelência na atuação destes nos mais diversos campos da vida, por meio do estabelecimento de objetivos e metas acompanhados no processo. Cenário propício, enfim, ao aumento da produtividade, à satisfação mútua das necessidades de colaboradores e da companhia, à qualidade de vida no trabalho. Nos Estados Unidos, o coaching é oferecido, comumente, como benefício ao executivo, assim como o plano de carreira e o de saúde, verba extra etc.
Durante a aplicação da técnica, é necessário um olhar 360 graus sobre o comportamento do indivíduo nas esferas em que ele deve melhorar, por meio de feedback de chefes, subordinados, colegas de hierarquia, dependendo da corrente que orienta o coaching e dos objetivos traçados. Mas também é preciso colocar essa pessoa no centro disto: é importante que ela se sinta bem no cotidiano da organização e em seus afazeres, que reconheça suas melhores habilidades e defina suas próprias metas identificando, com auxílio do coach, aquilo que realmente deseja para si. O desafio do especialista é conciliar isso aos interesses da empresa (e, sim, a empresa deve querer, principalmente, o bem-estar desse colaborador). A técnica é mal aplicada justamente quando não ocorre essa conciliação (no caso do coaching executivo) ou quando o trabalho do coach enfatiza os problemas que devem ser sanados, mais do que as habilidades que podem se destacar como diferencial do indivíduo.
Vale lembrar que superação, nesse caso, nem sempre é sinônimo de excelência. Mas pode ser o caminho para a perpetuação da mediocridade. O contrário disso é uma verdadeira revolução que se inicia, primeiro, em âmbito individual.
Fonte: Texto de Núria Desidério Soares, personal coach.
Retirado da Revista Psique Ciência&Vida, Ano VI, Edição 78, junho/2012.
Retirado da Revista Psique Ciência&Vida, Ano VI, Edição 78, junho/2012.
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